quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Bolo de figos (fervido)

Já há muito que não abro esta página, não por falta de vontade mas pelos muitos afazeres que tenho tido, por isso aproveito para , aproximando-se esta época festiva, te passar uma receita antiga, que me foi  dada pela Senhora D. Ana Maria Rocha, a quem agradeço. Já a tenho há tempos, sempre com vontade de a experimentar, contudo fui deixando passar até que este Natal resolvi deitar mãos à obra e como é um bolo que deve ser feito com uma certa antecedência lá vai a receitinha para o caso de a quereres experimentar:
Ontem, ao serão, piquei os figos muito miudinhos e hoje, logo que me levantei pu-los a ferver com o açúcar, a manteiga , o melaço e a canela 10mn. Agora está a arrefecer e depois do almoço vou fazer o bolo, no intervalo faço este registo.

Cá estão os ditos ingredientes a ferver,  depois digo-te se o bolo ficou bom...

Meio kg. de açúcar (mal pesado)
Meio kg. de figos passados picados, muito miudinho
Meio kg. de farinha ( bem pesado)
6 ovos
250gr. de manteiga
noz moscada a gosto
Uma colher das de chá de canela
Uma colher das de sopa, bem cheia, de mel de cana (melaço).
Bicarbonato de sódio 3 colheres das de chá, rasas.
Água q. b.
Num tacho levam-se ao lume os figos, o açúcar, a manteiga, a canela, o melaço, a noz moscada coberto de água, cerca de 2 chávenas, ferve até fazer uma geleia fraca, cerca de 10mn. e deixa-se arrefecer.
Batem-se as gemas e vai-se juntando lentamente ao creme, já frio, e a farinha com o bicarbonato misturado.
Por fim as claras em castelo. Nota: gosto de as bater com uma colher das de chá de fermento.
Vai ao forno em forma untada e polvilhada.

E pronto, cá está ele. Parece que ficou bom!
Agora vou envolvê-lo em papel celofane e fica à espera de ser coberto e decorado a preceito, mais perto do Natal. Sempre guardado pelo Pai Natal...

Coberta para o bolo de Figos:

500gr. dr açúcar,
Meia chávena de água,
Uma colher das de sopa de manteiga,
250gr. de figos picados muito miudinhos,
Baunilha a gosto,
O açúcar vai ao lume com a água, a manteiga, a baunilha, e os figos, ferve até ganhar a consistência necessária e verte-se sobre o bolo.
Nota: se desejar rechear o bolo pode fazê-lo com este creme mas tem que aumentar os ingredientes.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Donetes ou donuts, no dia do ovo

 Como vou ter portador e visto que o meu filho gosta muito, resolvi fazer, para lhe mandar, estes deliciosos fritos a que chamamos donetes, designação que podemos classificar de estrangeirismo visto que  claramente derivam do americano donuts.
Com os ingredientes a postos e mãos bem lavadas toca de preparar a massa:
Ingredientes:
1kg. de farinha,
6 colheres das de sopa de açúcar,
Uma saqueta de levirina ou uma colher e meia das de sopa de fermento de padeiro,
125gr. de manteiga,
4 ovos,
Meia colher das de chá de sal
Uma chávena de chá de leite misturado com uma chávena das de chá de água , amornado,


À farinha, abre-se uma pequena covinha onde se coloca o açúcar, o sal , o fermento e um pouco de leite, misturam-se um pouco estes ingredientes e abrem-se os ovos no meio da farinha.
 Mistura-se tudo e vai-se juntando o leite, por fim a manteiga e amassa-se até ficar com a consistência desejada, não muito duro.


Abafa-se e deixa-se levedar, cerca de uma hora e meia.










Pronto, agora é só esperar o tempo certo para as tender e fritar, entretanto, enquanto espero e porque hoje é o dia mundial do ovo e porque usei ovos, vou falar um pouco deles:
Está estipulado que a segunda Sexta-Feira de Outubro se destina a falar deste produto,o ovo, que é um alimento muito versátil e perfeito para qualquer refeição.
Diz-se que é mais nutriente do que a carne ou peixe e muito rico em proteínas que são essenciais para a construção e reparação dos nossos tecidos, havendo estudos que mostram que quatro a cinco ovos por semana não provocam aumento de colesterol numa pessoa normal.
Portanto está  de parabéns a Dona Galinha por gerar tal filho! 















E agora vou ver se a massa já levedou para proceder à segunda operação- A fritura.




Estava mesmo na altura, toca a enfarinhar o tendal muito bem, rolar a massa e cortá-la  em argolas.
 O azeite bem quente...
 Fritam-se dos dois lados, escorrem em papel absorvente, costumo mudar de papel para ficarem bem escorridas.


 E cá está o resultado final, algumas prontinhas para irem para as caixinhas e depois vajarem  até Lisboa. Um miminho para o meu filho...
E o cortador ,prontinho para ser usado novamente.



sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Doce de figo com açúcar amrelo

Pois é, embora este ano os figos tenham sido poucos e não tão bons como nos anos anteriores,  sempre houve alguns que deram para fazer doce e lembrei-me de fazer uma experiência:
Figos lavados e limpos das partes menos boas, cortados os pedúnculos e em quartos,  toca para a panela, um pouco de água e açúcar amarelo, meio quilho por cada quilho de figos.
agora é só esperar até levantar fervura, altura em que se deve baixar o fogo e deixar ferver, mexendo de vez em quando para não pegar até ganhar o ponto desejado.


Açúcar amarelo:
O açúcar é um produto que se extrai da cana do açúcar ou da beterraba, o suco destes produtos é filtrado e cristalizado, obtendo-se um produto que é a rama a qual é a matéria prima da refinaria  do açúcar.
No caso do açúcar amarelo este resulta do processo de refinação da rama sem que haja eliminação do melaço o que lhe dá um sabor agradável , uma cor dourada e um maior teor de humidade.


Beterraba
Cana de açúcar

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Alfenim



Aqui transcrevo um trabalho de J.H. Pires Martins. publicado no Diário Insular de 16 de Junho de 2007, sobre este doce tradicional que se faz muito na ilha Terceira especialmente por ocasião das festas do Espírito Santo:
" Alfenim, o sabor árabe no ritual cristão...
No Séc.VIII, os árabes invadem e ocupam a Península Ibérica e terá sido nessa altura que introduziram esta gulodice confeccionada com açúcar ou melaço de cana, designada por ( al-fenid) ou (al-fanid) significando a palavra branco e derivando  em (alfenim) na língua portuguesa e que era um doce muito popular no sul de Portugal.
O culto do Espírito Santo tem um grande incremento a partir do Séc.XII-XIII aquando do Milagre das Rosas da Rainha Santa Isabel e a coroação dos pobres na vila de Alenquer, iniciando-se assim a devoção ao Divini Espírito Santo- Terceira Pessoa da Santíssima Trindade-Simbolizado pela pomba branca.
Em 1465 algumas famílias do Algarve vêm povoar a parte oeste da ilha Terceira, ou ilha de Jesus Cristo e, possivelmente, poderão ter introduzido esta arte de trabalhar o açúcar e transformá-lo em alfenim.
Mais tarde, o alfenim ou al-fenid devido à sua brancura, que é subentendida como pureza e purificação, foi introduzido e assimilado no culto religioso cristão.
Desde então, o doce foi transformado em peças de arte gastronómica tais como a pomba branca representando o Espírito Santo, e todos os outros símbolos utilizados no ritual de celebração dessa festa ou dos santos padroeiros como a coroa, a rosquilha de pão. os animais e outros motivos decorativos que eram doados à irmandade do Espírito Santo ou outras e mais tarde. leiloados,revertendo a venda para a organização da festa.
No caso de graça obtida, a pessoa encomenda à doceira que confeccione uma peça com a simbologia ou outras formas em alfenim,indicando o peso da peça que pretende, a parte do corpo que beneficiou de uma graça do Divino Espírito Santo, Um braço, uma perna, um pé etc."

domingo, 5 de setembro de 2010

Doce de uva




Esta é a imagem de uma latada em ano de vacas gordas que é como quem diz de muitas uvas. Este ano foi muita parra e pouca uva, nem dá para fazer vinho, diz-se que a produção vitivinícola, na Terceira, este ano, devido às condições climatéricas, desceu para metade e que no Pico e Graciosa a produção ainda foi mais agravada. Contudo, sempre se apanhou alguma coisa para fazer doce.
É uma trabalheira, mas no fim gosto de ter doces de várias qualidades em casa, de mandar ao meu filho e de oferecer.
Primeiro tiro os bagos bons e passo-os por várias águas.
Depois separo as cascas a uma porção de bagos e reservo.
A seguir ponho as uvas no tacho cobertas de água e ferve, passo no "passe-vite" e junto as cascas que havia reservado, como podes ver:


Depois, é só ferver, mexendo sempre até fazer o ponto que é o que estou fazendo agora, só dei um saltinho até ao computador, para te contar isto e vou já para o fogão, para não acontecer alguma desgraça!!!
Depois conto-te o resto...
Passado algum tempo, cá está o meu doce de uva à espera de umas torradinhas e de um cházinho.
O do laçarote é um miminho para a minha cunhada.
Não indico a porção de açúcar por duas razões: Primeiro porque não sou mulher de cozinhar muito com receitas, segundo porque acho que o açúcar que se indica é um exagero, roubando no peso do açúcar fica bom na mesma, leva é mais tempo a formar o ponto.
Um beijinho docinho como o meu doce!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Socas, massarocas ou espigas de milho.


Ontem, ao abrir a porta, encontrei uma saca com massarocas de milho. Mão amiga, sabendo que gostamos muito delas, deixou-as como que um cartão de visita testemunhando amizade que se revela de um modo tão simpático e  peculiar .
Lembrei-me então que por esta altura, o quintal da minha casa das Lajes costumava estar repleto de montes de massarocas à volta dos quais nos sentávamos, com  vizinhos e amigos que nos vinham ajudar, para se fazer a desfolhada. Tiravam-se as folhas velhas e deixavam-se algumas para  o meu pai as prender em "cambulhos" e depois os pendurar na burra do milho a secar.

Bateu-me fundo uma certa saudade e pensei que todas as famílias, por mais humildes que sejam, possuem a sua própria história, o seu passado, e a minha família não foge à regra. Quanto a mim a lembrança desse passado fascina-me com a sensação profunda de um romance duradouro, como se fosse o passado ou as tradições de uma família real.
 Bem, mas o que quero é dar-te conta das massarocas que me foram ofertadas:
Primeiro tirei-lhes as folhas e limpei-as dos cabelos de milho e dos grãos estragados,



Depois fiz vários sacos para congelar, aproveitando já, para cozer algumas em água e sal.
Depois de cozidas, há quem as asse na brasa, mas nós gostamos assim mesmo, com um pouco de manteiga,
Agora é só comer à dentada, às vezes eu corto-as ao meio antes de cozer mas desta vez foi assim mesmo!
Claro que é uma coisa mais rústica, não se serve numa refeição de cerimónia, mas eu tenho este pequeno servicinho próprio, com umas massaroquinhas que servem para pegar na massaroca, quando está muito quente e o utensílio para, quem gostar, distribuir a manteiga sobre elas.

Um pouco de saber...
O milho é  um cereal cultivado em grande parte do mundo. É utilizado na alimentação humana ou como ração para animais, devido às suas qualidades nutricionais e aos aminoácidos que o integram.
Pensa-se que este cereal é originário da América, existindo várias espécies do mesmo.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Montra primaveril que apetece comer!!!

Quando o profissionalismo, o bom gosto e a arte dão as mãos, as coisas acontecem e dão origem a obras como esta montra da pastelaria " O FORNO" na rua de S. João em Angra do Heroísmo da qual não apetece tirar os olhos!
Benditas mãos e bendita sensibilidade!!!

Hoje fiz rissois

Costumo destinar uma tarde para esta tarefa porque gosto de os fazer em abundância e congelar para serem consumidos à medida que for necessário.
Apresso-me a registar porque a massa ficou tão boa que quero escrever as porções porque sou muito  de improvisar e penso que não me esqueço e depois fico sempre um pouco atrapalhada. Enfim, coisas à Clara!
Cá vai então a receita da Clara, podes fazer à vontade que  a massa fica maleável que é uma maravilha, para rolar e colar.
Uma chávena almoçadeira de leite, uma chávena almoçadeira de água, uma pitada de sal, 100grs. de margarina. Vai tudo ao lume e quando levantar fervura junta-lhe , de pancada, duas chávenas almoçadeiras de farinha e envolve rapidamente até ficar tudo bem misturado. Mexe e deixa arrefecer um pouco.
Despeja numa bancada ou num recipiente grande e trabalha a massa até ficar elástica e boa para estender.
É então altura de fazer o recheio.
Eu fiz duas porções de massa uma com recheio de camarão, outra com recheio de linguiça.

Recheio de camarão:
250 grs. de miolo de camarão e duas postas de salmão ou só uma se for grande, coze-se, escorre-se, pica-se o camarão e limpa-se e desfia-se o salmão.( Na foto o salmão está por baixo)
Pica-se uma cebola e uns dentes de alho e leva-se a refogar com um pouco de azeite ou uma colher de margarina, junta-se um pouco de salsa picadinha e massa de tomate e pimenta ou um pouco de massa de malagueta a gosto, misturam-se os picados e mexe-se e coze um pouco, junta-se uma colher das de sopa de farinha de trigo e uma chávena das de chá de leite, envolve-se e deixa-se engrossar, mexendo sempre!!!

Recheio de linguiça:
O mesmo processo mas com linguiça picante moida, não leva salsa.
Não esquecer de rectificar os temperos!

É agora altura de se estender a massa e de se pôr o recheio para fazer os ditos rissois.
Gosto mais de fazer as rodelas e depois dobrar e pressionar e esta massa ficou muito boa para colar os bordos.
Cá estão eles ainda por panar:
E já panadinhos com ovo batido e pão ralado, prontos a serem congelados:

Ps: A minha afilhada, Helena Maria Gil Romeiro, disse-me que há quem envolva os rissois em ovo e farinha de milho e que também fica muito bom.