domingo, 28 de março de 2010

Arroz doce em "Dia de Grãos"


É sabido que hoje é Domingo de Ramos, o dia que inicia a semana Santa, celebrando a entrada de Jesus em Jerusalém, montado num jumento e aclamado com ramos de oliveiras e de palmeiras.
Lembro-me de a minha mãe dizer que neste dia não se metiam folhas nas panelas, numa clara alusão a este facto, e então cozinhava com grãos...Sopa da ervilha, grão ou fava, canja, milho cozido, papas grossas ou arroz doce, eram algumas das iguarias servidas na nossa mesa  no dia de ramos ou dia de grãos como ela lhe chamava.
Como costumo manter e pôr em prática muito do que vi, ouvi e ou aprendi com a minha mãe, neste dia, costumo fazer arroz - doce, como referência de tempos passados o que faço sempre com muito prazer. Então fiz arroz doce para nós e para oferecer a umas pessoas idosas.
Cá está ele todo enfeitado com os seus ramos de canela, como a minha mãe fazia, lembrando os ramos que aclamaram Jesus:


Toda a gente faz arroz doce com facilidade, contudo quero aqui registar as porções porque este fica muito bom, cremoso e com a consistência ideal:
500grs de arroz, bem escolhido e lavado, a mesma porção de açúcar, casca de um limão, 6 ovos, 2 litros de leite.
Leva-se o arroz a abrir, coberto de água, com uma pitada de sal e a casca de limão, quando inchou e está quase seco vai-se deitando o leite aos poucos, guardando um pouco para o fim  e mexendo sempre, com colher de pau, para não pegar, quando se vê que o arroz está cozido deita-se o açúcar aos poucos e continua ao lume.
Cuidado, não nos podemos descuidar, para não pegar!
Agora está na altura de separares as gemas das claras, bate as gemas e mistura-lhes o leite que reservaste e vai vertendo sobre o arroz, com cuidado e envolvendo sempre, com o lume fraco. Deixa-se ficar até enchugar isto é endurecer e verte-se em travessa ou pratinhos individuais.
Decora-se co canela e deixa-se arrefecer.

terça-feira, 2 de março de 2010

Biscoitos de manteiga

Como te disse, torrei amendoins para enviar para o meu filho e enquanto fazia isso lembrei-me dos sacos que a minha mãe me mandava das Lajes para Angra,quando eu estava a estudar, porque eu não ia a casa todos os fins de semana. As passagens eram caras, a viagem  demorada e eu passava muito mal nas camionetas que não eram como hoje... Vieram-me à memória os deliciosos biscoitos de manteiga que ela me enviava e que eram feitos com natas do leite caseiro, meu Deus, como sabiam bem!
Lembrei-me então de uma frase que li há dias e que registei, porque me disse muito:

-"A memória é a oficina em que as nossas recordações são trabalhadas, retocadas e marcadas com o nosso cunho".

O que eu fui inventar para te dizer que resolvi fazer biscoitos de manteiga para enviar para o meu filho!
Cá estão eles: 
1 kg de farinha, 2/3 colheres de farinha Maizena, 6 colheres das de sopa de açúcar, e 1 colher das de sopa de fermento, 250grs. de manteiga, uma pitada de sal, uma caixa de natas,3 ovos, raspa de limão, umas gotas de baunilha (facultativo), e água q. b.
Misturam-se os ingredientes, tendo o cuidado de guardar um pouco de farinha,cerca de 250grs., para ir enxugando a massa e para tender os biscoitos, e vai-se amassando até ficar com a consistência própria para fazer os biscoitos.
Agora, a massa descansa um pouco, enquanto se acende o forno e se untam com manteiga e polvilham os tabuleiros.
Vão-se  rolando , com as mãos enfarinhadas, bocados de massa que depois se espalmam, como vês na foto.
Dobra-se a massa e corta-se em diagonal.
Agora é só colocar nos tabuleiros e levar ao forno, em calor moderado...
Espero só que o meu filho faça aos seus filhos o que eu faço por ele! Não serão, certamente, biscoitos, mas há tanta forma de demonstrar amor, carinho e respeito!
É este o exemplo que lhe quero deixar, neste miminho que espero lhe adoce a boca e o coração!

Amendoim torrado:

Tenho um portador para enviar uma encomenda para o meu filho, mas como  ele está sempre a dizer que não é preciso enviar nada porque lá tem de tudo, lembrei-me de fazer amendoins torrados porque ele gosta muito, e é uma coisa que ele não pode comprar lá porque isso requer um ingrediente que não se vende, o amor de mãe!
Resolvida, lá fui à firma Basílio Simões e comprei os ditos amendoins.
1 kg. de amendoins, açúcar, a receita manda a mesma porção, mas eu ponho menos e uma chávena de água . Tudo para una panela de ferro, a minha velha panela de pressão a ferver e mexendo sempre com a tradicional colher de pau porque eu nestas coisas não sou de modernices, penso sempre que o tradicional resulta melhor. Critica-me se quiseres!
Foi fervendo até secar e nesta altura é que começa o trabalho mais importante, embora pareça fácil, não é...
A forte colher de pau tem que trabalhar bastante até derreter de novo o açúcar. torrar o amendoim e ganhar um ponto seco preso aos amendoins, isto sem queimar nem pegar ao fundo da panela.

É um aperitivo que as nossas avós faziam muito, não sei se ainda se faz...
A minha mãe fazia para comermos em casa, levarmos para as touradas e pelo Carnaval, para a sociedade, para irmos comendo enquanto esperávamos as danças e também para oferecer, porque o meu pai cultivava os amendoins, naquela altura era uma abundância de tudo e não se falava em calorias nem em colesterol.
Depois de seco verte-se num recipiente a arrefecer, desfazem-se os torrões de amendoim e embala-se com muito carinho!